3/9/11

Amadeo Souza Cardoso - A vanguarda futurista e o modernismo português


"Menina dos Cravos" - bela pintura, bela representação...
O Modernismo em Portugal, entre outros, ficou marcado pelo pioneirismo de Amadeo Souza Cardoso com uma profícua pesquisa plástica que percorreu as vanguardas do Fauvismo ao Futurismo, só interrompida pela morte prematura do pintor.
Acerca da sua exposição "Abstraccionismo" Almada Negreiros afirmou que Amadeo é a primeira descoberta de Portugal na Europa do séc. XX. Amadeo estabelece a síntese entre o espaço pictórico cézarianno, pela geometrização das formas e um tratamento simplificado da cor que o aproxima das correntes abstractas vindouras. São aspectos que nos remetem para o Orfismo e para a influência de Robert Delaunay e Frank Kupka. Ancorado teoricamente ao futurismo Amadeo adoptou as formas ao contexto nacional, porque estabelece a vanguarda futurista e o modernismo português.






Amadeo de Souza-Cardoso, Sem Título (Brut 300 TSF), 1917 (pormenor)

ALMADA NEGREIROS

ALMADA NEGREIROS
Pintor e escritor, 1893 - 1970

Eu sou o resultado consciente da minha própria experiência"

...

O movimento artístico português necessita de inovação. Os artistas plásticos continuam a satisfazer os gostos de uma sociedade burguesa. O naturalismo predomina na arte. Os impressionistas não têm repercussões em Portugal. É um país limitado. Almada sabe-o. Há que dizê-lo.

Em 1913 publica o primeiro desenho n’A Sátira - é necessário agitar a mentalidade artística portuguesa. No mesmo ano faz a primeira exposição individual. São cerca de 90 desenhos.

Fernando Pessoa escreve uma crítica à exposição. Quando Almada o aborda, responde-lhe que não percebe nada de arte... Nasce a amizade.

Entretanto Almada não pára. Colabora em várias publicações. Faz ilustrações. Escreve a primeira poesia. Desenha o primeiro cartaz. Junta-se com outros artistas.

Em 1915 sai o primeiro número da revista ORPHEU. Algum escândalo

Júlio Dantas deprecia o trabalho. Reacções à inovação. Critica a publicidade feita à revista. Afirma não haver justificação para o sucesso. Diz que os autores são pessoas sem juízo.

A 21 de Outubro do mesmo ano estreia-se a peça Soror Mariana. O autor é Júlio Dantas. Almada vai agora reagir. Publica o Manifesto Anti-Dantas e por extenso. O manifesto não é apenas contra Dantas. É uma reacção contra uma geração tradicionalista, uma sociedade burguesa, um país limitado.

"... Basta PUM Basta!

Uma geração, que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração!

Morra o Dantas, morra! PIM!

No fim assina: POETA D' ORPHEU, FUTURISTA E TUDO.

...

"As construções do Estado multiplicam-se a olhos vistos, porém as paredes estão nuas como os seus muros, como um livro aberto sem nenhuma história para o povo ler e fixar."

www.vidaslusofonas.pt/almada_negreiros

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09.03.2011
Fotografia: Rodrigo Ferreira de Ribeiro "ribazz"

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